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domingo, 1 de agosto de 2010

RESENHANDO: Pierre Lévy em O que é virtual?

Módulo 1: A dimensão Estruturante das Tecnologias
Ciclo I
Especialização: Tecnologias e Novas Educações

1. Identificando a Obra
LÉVY, Pierre. O que é virtual? Trad. Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 1996. 160p.

2. Apresentação da Obra
O texto de Lévy (1996) trata da questão, dos conceitos e dos significados do “virtual” (computadores e as redes digitais): “realidade virtual” no mundo atual. E o autor levanta a hipótese que tais acontecimentos estão vinculados ao próprio movimento humano. A obra traz um diálogo interessante a respeito do tema e o processo de transformação de um modo ser em outro diferente, na voz de alguns pensadores contemporâneos, tais como: Michel Serres e Gilles Deleuze, nos mais diversos aspectos, tais como: filosófico, antropológico e sócio-político.
3. Descrevendo a Estrutura da Obra

A obra “O que é virtual” está dividida em nove capítulos bem organizados, conforme uma breve descrição abaixo:
1. O que é a virtualização?
2. A virtualização do corpo.
3. A virtualização do texto.
4. A virtualização da economia.
5. As três virtualizações que fizeram o humano: a linguagem, a técnica e o contrato.
6. As operações da virtualização ou trívio antropológico.
7. A virtualização da inteligência e a constituição do sujeito.
8. A virtualização da inteligência e a constituição do objeto.
9. O quadrívio ontológico: a virtualização, uma transformação entre outras.

O foco narrativo da obra está predominantemente na 3ª pessoa do singular, de forma impessoal. O texto apresenta fluidez nas idéias, pensamentos e conteúdos de forma articulada, dinâmica e de fácil compreensão.
4. Descrevendo o Conteúdo da Obra.
Para tornar o entendimento do conteúdo abordado na obra de fácil acesso e compreensão para todos os leitores, serão expostos os capítulos em blocos de acordo com seus conteúdos, conforme abaixo relacionados:

1. O que é a virtualização?

Neste capítulo o autor trabalha com conceitos e discussões sobre “realidade”, “possibilidade”, “atualidade” e “virtualidade” de Michel Serres (?), Reichholf (1994) e Heidegger (?).

O virtual não se opõe ao real, mas sim ao actual. Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objecto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a actualização. (LÉVY, 1996, p.16)

Virtualização:
PROCESSO DE ACOLHIMENTO DA ALTERIDADE. ELA É HETEROGÊNESE.
2. A virtualização do corpo.
Aqui os conceitos abordados foram: “reconstruções” (cirurgia plástica, body building, equipamentos de visualizações médicas dos órgãos do corpo etc.), “percepções” (telefone para audição, TV para visão, equipamentos que estimulam o tato etc.), “projeções” (Projeção da ação: máquinas, redes de transportes, transferência de energia etc. Projeção da imagem: uso do telefone – corpo tangível e corpo móvel etc.), “reviravolta” (representação da imagem do “corpo” visível sem atravessar a pele: 3D, raio X, ressonância magnética etc.), “hipercorpo” (viagens e trocas – transplantes de órgãos de animais-tentativa de transformar animais em humanos, Franskestein-membros transplantados de diferentes corpos etc.), “intensificações” (através dos esportes intensificam a presença física – experimentar uma forma nova de sentir o mundo), e “resplandescência” (multiplicação do corpo-reinvenção, reencarnação, reinvenção: fases do corpo durante o envelhecimento etc.).
PROCESSOS DE VIRTUALIZAÇÕES (AUTORECRIAÇÃO) DO CORPO
3. A virtualização do texto.
O texto trata das três fases da evolução em direção a virtualização:
• a oralidade,
• a escrita e
• a virtualização informática.

Na oralidade, a circulação da informação e da cultura era de forma restrita no espaço e no tempo; já na escrita, todas as informações passam a fazer parte da memória coletiva, pelo seu poder de abrangência tanto no espaço quanto no tempo, servindo de base para a produção de novos conhecimentos.
Nos dias atuais, a escrita não está somente respaldada no papel. Ou seja, o texto atualmente é compreendido como um mundo sem fronteiras, no sentido que não existe mais um texto e sim, textos dentro de outros textos, que se ligam como se fossem redes (hipertextos: textos acessíveis, dinâmicos e compartilhável).
Para Lévy, na Internet as inteligências individuais são somadas constituindo a “inteligência coletiva”. Outro ponto da virtualização do texto é que: no texto escrito impresso pagava-se pelo texto, no texto virtual paga-se pela utilização. Portanto, passa-se de uma economia do valor de troca pelo valor de uso.

4. A virtualização da economia.

Neste capítulo, Lévy (1996), defende que a economia contemporânea é da desterritorialização e da virtualização. Um exemplo disso é o turismo, principal setor mundial em volume de negócios: viagens, hotéis, restaurantes etc. As pessoas tem dedicado recursos para “não estar presente, a comer, a dormir, a viver fora de sua casa, a se afastar do seu domicílio” (LÉVY, 1996, p.51).

Outro setor que tem aumentado o volume de serviços é a indústria automobilística (fábricas e manutenções de carros, caminhões, trens, metrôs, barcos, aviões, etc.) como causa e conseqüência do processo de virtualização da economia (ibdem), assim, o comércio e o processo de distribuição, cada vez mais eficiente, fazem viajar signos e coisas.

Mas, não devemos esquecer que “os meios de comunicação eletrônicos e digitais não substituíram o transporte físico”, pelo contrário: comunicação e transporte, fazem parte da mesma “onda de virtualização.”

Na economia contemporânea, a informação e o conhecimento possuem consumo não destrutivo e apropriação não exclusiva, um exemplo é a distribuição de ebooks, vídeos, etc. e o conhecimento e a informação são as principais fontes de riqueza do ser humano.

Nessa nova economia da virtualização o

  • trabalhador contemporâneo tende a vender não mais sua força de trabalho, mas sua competência, ou melhor, uma capacidade continuamente alimentada e melhorada de aprender e inovar que pode se atualizar de maneira imprevisível em contextos variáveis. (LÉVY, 1996, p.60)
 5. As três virtualizações que fizeram o humano: a linguagem, a técnica e o contrato.
Aqui, Lévy (1996) defende e desenvolve que a sociedade está passando por um processo de mutação que pode ser entendida como uma retomada da autocriação da própria humanidade.
  
A autocriação humana só existe porque existem três processos de virtualização que permitiram o desenvolvimento da linguagem, das instituições e da técnica, ou seja, a linguagem é a virtualização do aqui e agora, a técnica é a virtualização da ação e o contrato é a virtualização da violência. Todo esse processo teria um fim que seria a recriação de uma sociedade mais evoluída.
  
6. As operações da virtualização ou trívio antropológico.
  
Em minha opinião, este capítulo é o mais complexo em entendimento porque Lévy (1996) faz uma viagem através do “trívio do ensino liberal da Antiguidade: a retórica, a dialética e a gramática” e compara com a virtualização. Em suma, ele diz que a gramática é a fundamentação da virtualização, a retórica é a projeção do virtual e a dialética é o que une o virtual, o sistema de signos ao mundo objetivo. Ele mostra que o processo de virtualização já acontecia fora do seu tempo.
7. A virtualização da inteligência e a constituição do sujeito.
Para Lévy (1996), os seres humanos compartilham da inteligência social que permite uma noção do todo (mundivisão), isso porque, cada um pode alterar um pouco a sua realidade social que está inserido.
O ciberespaço é uma virtualização da realidade, pois ganha mais liberdade para realizar as recriações num espaço onde a heterogênese acontece. A inteligência coletiva é de extrema importância para o ciberespaço, porque cada indivíduo participa de forma ativa.
Cabe relembrar as três virtualizações que fizeram o humano: “cada indivíduo humano possui um cérebro particular e de forma geral, o desenvolvimento ocorre da mesma forma para outros membros da espécie. Biologicamente, as inteligências são individuais e semelhantes (mesmo não sendo idênticas). Culturalmente, a inteligência é variável e coletiva. Com efeito, a dimensão social da inteligência liga-se intimamente às linguagens, às técnicas e às instituições, e se diferenciam de acordo com o espaço e o tempo.
Assim, o autor defende que o ciberespaço é uma virtualização do mundo social existente, contudo, diferente porque possui mais espaço para acontecer mudanças culturais do que o espaço atual, isso porque, o ciberespaço favorece as conexões, as coordenações, as sinergias entre as inteligências individuais e, assim, consegue introduzir uma visão do virtual maior do que outros teóricos que confundiam o virtual, com o não existir.
8. A virtualização da inteligência e a constituição do objeto.
Neste capítulo, Lévy conclui sua tese sobre a teoria do virtual indicando que existe um objeto que potencia a virtualização: o ciberespaço (objeto comum, dinâmico, construído, (ou, pelo menos, alimentado) por todos aqueles que o usam).
O ciberespaço é a ponte entre o objeto comum dos seus produtores e dos seus exploradores, ou seja, é onde ocorre a virtualização de forma mais intensa, criativa e viva.
9. O quadrívio ontológico: a virtualização, uma transformação entre outras.
No último capítulo, o autor recapitula tudo que foi exposto anteriormente através de quadros explicativos (pólo latente-potencial/virtual/existente; pólo manifesto-real/atual/acontecimentos).
5. Analisando de Forma Crítica.
O texto de Lévy (1996) aborda de forma clara e didática o fenômeno da virtualização pautada através da comunicação virtual e nas características da sociedade contemporânea. Ele reflete todo o momento nas abordagens: filosófica (o conceito de virtual e o movimento da virtualização), antropológica (o processo de hominização que nasce com a virtualização) e sociopolítica (a mutação contemporânea que nos torna protagonistas de uma realidade nova).
Concordo com a proposta de Lévy, a respeito da comunicação virtual. Para ele, é um elemento de um processo que abrange toda a vida social, sublinhando aspectos como a diferenciação entre o virtual e o real, a dimensão econômica da comunicação, a desterritorialização e a problemática da temporalidade associada ao movimento de virtualização. E a escola está inserida neste processo de virtualização, pois a escola faz parte e é um elemento estruturante da sociedade. Mas, acredito que teremos um momento para focalizar e discutir sobre este tema: virtualização na escola.
6. Recomendação da Obra.
A obra trata de temas atuais e interessantes, acerca da educação e das novas tecnologias (virtual, computadores e redes digitais). É voltada para estudantes das mais diversas áreas do saber, principalmente, que atua na área de Educação (professores, estudantes, pesquisadores, bem como curiosos).
7. Quem é o Autor?
Pierre Lévy (Tunísia, 1956) é um filósofo da informação que se ocupa em estudar as interações entre a Internet e a sociedade. Nasceu numa família judaica. Fez mestrado em História da Ciência e doutorado em Sociologia e Ciência da Informação e da Comunicação, na Universidade de Sorbonne, França. Trabalha desde 2002 como titular da cadeira de pesquisa em Inteligência Coletiva na Universidade de Ottawa, Canadá. É membro da Sociedade Real do Canadá (Academia Canadense de Ciências e Humanidades).

  • As informações sobre o autor foram pesquisadas e coletadas do site da Biblioteca Colaborativa Digital-Wikipédia, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_L%C3%A9vy, acesso em 30 jul. 2010.
8. Quem é a Resenhista?
Marisa Medeiros Seara é aluna do Curso de Especialização em Educações e Novas Tecnologias da Faculdade de Educação da UFBA. A presente resenha faz parte da avaliação parcial do Módulo I-A dimensão estruturante das tecnologias (abril, maio, junho, julho e agosto de 2010).

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